domingo, 25 de janeiro de 2009

Pais aprendem a gerir conflitos

Prevenir as toxicodependências ajudando a resolver conflitos entre pais e filhos é o objectivo da iniciativa "Pais à Conversa". As sessões de esclarecimento, pela Câmara de Odivelas, vão percorrer o concelho até Maio.
Sentada nas cadeiras coloridas que costumam ser ocupadas pelas crianças da nova Escola EB1/JI de Famões, está pouco mais de meia dúzia de encarregados de educação. A grande maioria são mulheres. A primeira acção do ano costuma ser a menos participada, segundo explica José Esteves, vereador com o pelouro da Saúde da Câmara de Odivelas, responsável pela aplicação do Plano Estratégico Concelhio de Prevenção das Toxicodependências, no qual se insere o projecto "Pais à Conversa".
"Muitas vezes, a acessibilidade às toxicodependências faz-se a partir de uma ruptura resultante de conflitos. Estes espaços de diálogo constituem uma forma de aprendermos uns com os outros, ao trocarmos experiências, e podem fazer-nos olhar de um modo mais estruturado para algumas coisas que até já sabíamos", explica o autarca.
No meio da sala, de pé, Vera Fonseca - formadora da Educação Viva, entidade parceira da Câmara de Odivelas na execução deste projecto - vai expondo aos participantes uma conjunto de conhecimentos de áreas como a Pedagogia e as Ciências da Educação.
"Relativizem a importância das coisas. Lá por o filho pintar o cabelo de azul para pertencer a determinado grupo, não quer dizer que deixe de ser aquela pessoa que conhecemos", explica a formadora. Outro dos conselhos de Vera Fonseca é "evitar as críticas e comentários depreciativos". "A criança assimila-os como rótulos e não se vai esforçar por mudar. A crítica deve-se dirigir-se à situação concreta".
Por LUÍS GARCIA (in Jornal de Notícias)

Qualificações dos pais determinam sucesso escolar dos filhos

Um estudo do Ministério da Educação, que envolveu cerca de 50 mil alunos do 10º. ano, concluiu que as qualificações escolares e profissionais dos pais têm influência no desempenho escolar dos filhos.
As diferenças de desempenho escolar dos alunos do secundário surgem associadas às qualificações escolares e às profissões dos pais, sendo pouco relevantes factores como a origem étnico-nacional, revela o estudo divulgado na última semana.
A análise abrangeu 588 escolas públicas e privadas das diferentes regiões do País e baseou-se em inquéritos a 46.175 alunos do 10.º ano ou equivalente (correspondente a 44 por cento do universo), a frequentar as diferentes modalidades do nível secundário no terceiro trimestre de 2007/2008.
De acordo com o estudo intitulado "Estudantes à entrada do ensino secundário", factores como a origem étnico-nacional, línguas faladas e participação dos pais em diferentes aspectos da vida escolar dos alunos têm pouco ou nenhum peso na explicação do desempenho escolar dos alunos.
Os estudantes que ingressaram no 10.º ano ou equivalente em 2007/08 têm um perfil social com uma representação algo elevada de grupos com maior vantagem socioeconómica, refere a pesquisa. O percurso escolar destes estudantes caracteriza-se por uma fraca incidência da retenção, nomeadamente retenções precoces (no 1.º e 2.º ciclo do ensino básico), por uma quase total inexistência de interrupções dos estudos e um predomínio de classificações positivas, indica o documento. O estudo refere ainda que os estudantes do 10.º ano ou equivalente inquiridos têm na quase sua totalidade nacionalidade portuguesa (95,4 por cento). Relativamente à origem étnico-nacional, 80,7 por cento dos alunos têm origem portuguesa, 7,8 por cento têm origem luso-africana, quatro por cento são descendentes de ex-emigrantes e 2,2 por cento têm origem luso-europeia.
Uma proporção significativa das famílias/responsáveis dos alunos inquiridos têm o 2.º ciclo do ensino básico ou menos concluído (36,2 por cento), seguido do 3.º ciclo do ensino básico (23,9 por cento), do ensino secundário (21,6 por cento) e do ensino superior (18,3 por cento).
A análise da origem socioprofissional dos estudantes revela que os alunos provêm em maior proporção de famílias com categorias mais providas de recursos, caso dos "Empresários, Dirigentes e Profissionais Liberais" (41,4 por cento) e dos "Profissionais Técnicos e de Enquadramento" (16,5 por cento). Raparigas com desempenho escolar mais elevado que os rapazesEm termos globais, constata-se que à entrada do secundário existem mais raparigas do que rapazes, o que está associado a perfis de desempenho escolar mais elevados por parte das alunas.
No que se refere à escolha da escola, os estudantes seleccionam-na principalmente em função da proximidade da residência e da oferta escolar, embora o factor amigos e o facto de os próprios alunos já terem estado nesse estabelecimento também tenham alguma relevância.Quanto à questão da mudança de cursos, na maioria das situações, são os alunos dos cursos científico-humanísticos que, proporcionalmente, mais referem pretender mudar para um curso profissionalmente qualificante.Refira-se que o estudo, realizado pelo Observatório de Trajectos dos Estudantes do Ensino Secundário (OTES) do Gabinete de Estatística e Planeamento da Educação foi realizado com o objectivo de produzir e analisar informação relevante para os processos de tomada de decisão relativamente ao ensino secundário.
Cultura familiar é o que está na base do sucessoEmbora a escolarização dos portugueses tivesse aumentado há 30 anos, com o 25 de Abril, de um modo geral, e estatisticamente, «Portugal é um País com pessoas de muito pouca escolaridade». Quem o diz é Pedro Vasconcelos, sociólogo da família do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE), em Lisboa, que recordou o facto de, no início dos anos 50, pouco mais de 90 por cento da população tinha no máximo a 4ª. classe e que há 15 anos o País tinha o número de analfabetos que a Holanda tinha em 1890.Mas, de acordo com estudo realizado pelo Ministério da Educação, reconhece um progresso na qualificação das gerações mais novas, considerando que os alunos do secundário têm agora mais qualificações que os pais. Situação que, na sua opinião, se deve ao factor cultural.
Quanto a outra conclusão do estudo dar conta que o sucesso escolar depende muito da origem social, refere que tal circunstância significa que o conseguir ir mais longe nos estudos «depende da escolaridade dos pais». Trata-se, porém, de um «resultado de desigualdade social, considerando que o sucesso escolar é um resultado que foi encontrado em todos os contextos nacionais». O sociólogo destacou que esta é uma realidade, pois há pessoas cujos pais são analfabetos e têm sucesso escolar, como também acontece existirem pais com alto nível de habilitações com filhos de fraco desempenho escolar.
Desigualdade deve-se à mais ou menos cultura escolar dos pais
De acordo com Pedro Vasconcelos, as crianças que vêm de uma família com elevados níveis escolares vêm de contextos familiares onde a escola é valorizada.«As pessoas que vêm de contextos sociais mais escolarizados tendem a ter livros em casa e a ler mais, tendem a ter uma linguagem familiar gramaticalmente mais complexa, e tendem a ter acesso a referências culturais (cultura geral) muito mais desenvolvida do que as pessoas que vêm de contextos familiares que não têm recursos escolares», exemplificou. Enquanto que, por outro lado, as pessoas que vêm de origem com baixos recursos escolares «tendem a ser pessoas que acabam por incorporar inconscientemente, que a escola não serve para muito e adaptam-se facilmente à sua falta de recursos escolares».
Uma boa situação financeira de origem significa que os pais podem oferecer melhores condições de habitação aos filhos, com espaços propícios ao estudo, e ainda porque podem investir mais na formação escolar das crianças, colocando-as nas melhores escolas e pagando-lhes explicações. «Obviamente que influencia e ajuda, mas o grande factor não é monetário, é cultural», concluiu o sociólogo.
Atenuar as diferenças sociais é imprescindível
Jorge Moreira corrobora as conclusões do estudo, referindo que o nível de aproveitamento do aluno «depende muito da literacia dos pais». O presidente do Conselho Executivo da Escola Secundária Jaime Moniz entende que quanto mais formação tiverem os pais mais sensibilizados estão para os currículos e melhor apoio podem dar aos seus filhos.Além disso, é da opinião que o factor socioeconómico «tem, sem dúvida alguma, influência». É por isso que, destacou, existe o apoio da Acção Social Escolar «que é uma forma de tentar minorar os efeitos perversos da desigualdade de oportunidades». O professor disse, contudo, que nalguns casos de boas condições financeiras, os pais que muitas vezes passam pouco tempo com os filhos devido ao trabalho, não lhes dando a atenção necessária. Todavia, «há casos de pessoas humildes em que os filhos estão bem orientados e conseguem bom aproveitamento», apontou.
Mas para que o desempenho escolar possa ainda ser mais generalizado, Jorge Moreira referiu que a democracia tende a melhorar as diferenças e criar maior grau de oportunidades. «O fosso social tem que ser sempre atenuado e é por isso que existem os mecanismos de Acção Social Escolar», recordou, defendendo maior apoio e discriminação positiva para os que necessitam mais.
Por Cristina Sousa (in Jornal da Madeira)
Cristina Sousa

sábado, 24 de janeiro de 2009

PROCIV- PROJECTO DE PREVENÇÃO E ACOMPANHAMENTO DE ATITUDES E COMPORTAMENTOS

No presente ano lectivo, a Escola Secundária Dr. Manuel Gomes de Almeida está a implementar um projecto de prevenção e acompanhamento de atitudes e comportamentos sob a coordenação do professor José Ilídio Alves de Sá e no qual estão também envolvidos professores que dinamizam as diferentes secções/gabinetes.

O projecto supramencionado tem como objectivos:

-Acompanhar os alunos e prevenir situações e comportamentos de indisciplina;
-Contribuir para a integração e sucesso dos alunos na escola;
-Aumentar a participação dos alunos na vida da escola, nomeadamente nos Órgãos de Gestão e Conselhos de Turma.

Neste âmbito, a Secção de Divulgação vem informar toda a comunidade envolvente da existência de um blogue, que tem por lema A falar nos entendemos… no blog escrevemos… e pretende sensibilizar todos os agentes educativos para a necessidade de promover comportamentos e atitudes responsáveis, no quadro de uma cidadania activa.

Neste sentido, o endereço do blogue que permite a partilha de vivências e ocorrências, bem como informações alusivas à problemática da disciplina/ indisciplina é:

Cientes de que a escola actual é um espaço que deve promover valores de responsabilidade, respeito pelos outros e autonomia, acreditamos que isto é possível desenvolvendo esforços no sentido de educar para a cidadania.

"A FALAR NOS ENTENDEMOS NO BLOG ESCREVEMOS"

Texto produzido pela Secção de Divulgação do Projecto PROCIV

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Câmara oferece pistolas de plástico a alunos do primeiro ciclo

Uma pistola de plástico. Este foi o presente de Natal da Câmara de Porto de Mós a alguns alunos do primeiro ciclo do concelho. No início de Dezembro, a autarquia ofereceu uma ida ao circo, complementada com um pequeno presente. Entre os brindes entregues às crianças estavam pistolas de plástico, usuais nas brincadeiras de Carnaval. O caso não agradou a alguns encarregados de educação.
Célia Sousa, presidente da associação de pais da escola e jardim-de-infância do Juncal, e deputada municipal do PS, considera que este não é o brinquedo mais “correcto” para uma entidade pública oferecer. “Não é nenhum drama, mas entendo que a oferta de brinquedos deste tipo deve ser da esfera privada”, considera. O problema, entende, “é ser uma entidade pública a oferecê-la”. Aliás, confessa que num primeiro momento desvalorizou o facto. O seu filho foi contemplado com uma dessas pistolas mas o drama foi mesmo a pistola não funcionar, para desgosto da criança. Posteriormente, foi abordada por uma encarregada de educação que a alertou para a natureza do presente natalício. O marido, Luís Malhó, presidente da Assembleia Municipal de Porto de Mós, eleito pelo PSD, considera que se trata de “uma prenda de mau gosto”, entendendo que faria mais sentido “presentear as crianças com outros brinquedos”.
Ainda assim, faz questão de frisar a necessidade de relativizar a questão, visando evitar que se entre em “histerias colectivas”. E não se furta a brincar com a fraca qualidade do presente: “era uma arma de plástico que nem sequer funcionava”.
Helena Arcanjo, coordenadora do primeiro ciclo do Sindicato de Professores da Região Centro, entende que o caso é sério. “É lamentável que um município tenha tido a infeliz ideia de escolher um brinquedo que embora faça as delícias dos rapazes, leve a brincadeiras com indícios de violência”, refere. Para esta responsável, a autarquia deveria ter escolhido um brinquedo com funções didácticas. Perante a falta de recursos que atingem as escolas, faria sentido oferecer brinquedos que pudessem ser um auxílio nas actividades enriquecimento curricular. Afinal, “é nestas idades que se desenvolvem comportamentos de bullying, devendo ser as entidades públicas a dar o primeiro exemplo”, reforça.
Já o Agrupamento de Escolas de Porto de Mós escusa-se a comentar o caso. Fonte do conselho executivo daquela entidade adiantou desconhecer a natureza dos presentes entregues às crianças, adiantando não ter recebido qualquer queixa. Presente pouco natalício. Uma arma em plena festa religiosa? Para Isidro Alberto, pároco de Porto de Mós, esta é uma medida “anti-pedagógica”. É, entende, “levar as crianças a praticar violência simbolicamente”. O religioso soube pelo REGIÃO DE LEIRIA a natureza dos brinquedos oferecidos e adiantou que “se Cristo trouxe a paz entre os homens para que vivam pacificamente, usar armas que simbolizam a guerra e a violência é anti-natalício e desumano”.Responsável pela pasta da Educação na Câmara de Porto de Mós, o vereador Rui Neves confrontado com o caso limita-se a adiantar: “não comento”.
Adiantando que instituições de vários concelhos da região também ofereceram presentes semelhantes provenientes da mesma fonte – os brinquedos foram o resultado da compra de produtos de uma empresa que faliu – recusa qualquer declaração suplementar sobre o caso.
“Mulher de armas” na última campanha eleitoral discorda
Conhecida pelo facto do seu cartaz eleitoral na última corrida para a presidência da Câmara de Porto de Mós contar com um isqueiro em forma de arma, Maria Antonieta Mariano manifestou a sua oposição à oferta de brinquedos em forma de armas. Isso mesmo fez saber num comentário deixado no blogue portomosense “Vila Forte”, que denunciou o caso. “Depois eu é que sou uma mulher de armas”, ironizou.