quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Anonimato encoraja ataques de cyberbullying na web

O anonimato, que garante à internet o poder de ser uma mídia praticamente sem censura, também encoraja quem se esconde em perfis falsos para agredir aqueles que expressam suas opiniões ou vão contra o pensamento de massa. A milenar técnica de provocar e humilhar o próximo já ganhou ares virtuais.
Nascido do bullying, termo inglês utilizado para descrever atos de violência física ou psicológica praticados por um indivíduo (bully ou "valentão") ou grupo de indivíduos com o objetivo de intimidar ou agredir, o cyberbullying é seu relativo na grande rede de computadores. A prática do cyberbullying é humilhar e ridicularizar tanto quem faz fama ou mesmo quem não tem tanta visibilidade no mundo da internet. As principais vítimas conhecidas, blogueiros e articulistas, começam a receber a companhia de estudantes e gente recém chegada na Internet.
De acordo com nota publicada no G1, o autor de novelas Aguinaldo Silva fez no início de fevereiro um desabafo em seu blog, um dos mais lidos do país: “Dou aqui o meu melhor. Procuro não apenas agradar a quem me lê, mas dar informações, provocar debates, fazer pensar. E o meu modo de pensar, limpo e cristalino, está exposto aqui. Em troca dessa exposição, dessa sinceridade toda, o que recebo? Chutes na bunda. Agressões as mais deslavadas, e o que é pior: de pessoas que nem sequer existem! Pois em geral, todos os que entram aqui com propósitos deletérios tratam antes de resguardar com o maior cuidado suas identidades: são todas falsas”.
No Orkut, onde o cyberbullying tem mais força, as formas de ataque vão de simples mensagens ofensivas, ameaças, roubo de fotos, dados e informações pessoais. Enquanto cerca de 15 comunidades se esforçam para exterminar o mal, 31 fazem apologia à “maldita inclusão digital”, que na palavra de um dos participantes possibilita o acesso a rede de “orkuts favelados, orkut's que voce nota ser usado (sic) de dentro de um presídio, orkut's dos indivíduos 'miserê'”.
A mecânica utilizada pelas comunidades é cruel. Selecionam alguns perfis que ´não agradam` e diariamente os disponibilizam em vários tópicos, expondo ao ridículo a vítima e incitando o ataque por meio de mensagens e a disseminação de vírus. Na maior comunidade contra o problema, a Stop Cyberbullying, um tópico ensina como se defender do mal: “o primeiro passo é guardar todo o tipo de ameaça, difamação ou mensagem, não levantar alarmes evitando que a pessoa apague seus passos para que se possa denunciar e a polícia agir”. Além delas, moderadores de grandes comunidades trabalham para traçar o rastro do anonimato das mensagens ofensivas.
De acordo com o advogado Abdalla Maachar Neto, é possível acionar a Justiça nestes casos, já que, apesar de ser um meio virtual, a internet é regida pelas leis do Código Penal. Calúnia, difamação e injúria são alguns dos crimes enquadrados pelo cyberbullying. Calúnia é a falsa imputação de fato definido como crime, também cometendo o mesmo delito aquele que, sabendo da falsidade, propala ou divulga a informação; difamar uma pessoa é imputar fato ofensivo à sua reputação e injuriar é ofender-lhe a dignidade ou o decoro. Já quanto ao dano moral é possível que se peça indenização.

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