domingo, 28 de novembro de 2010

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

O que vale a agressão de um professor?

Director da Secundária Garcia de Orta, no Porto, foi afastado e suspenso da actividade lectiva, por ter agredido um aluno de 13 anos no seu gabinete. Sanções inéditas no nosso país. Há muito que o castigo corporal deixou de ser um procedimento de carácter pedagógico. O que fazer em casos de indisciplina e falta de respeito?

As sanções nunca antes tinham sido aplicadas no nosso país pela Inspecção-Geral de Educação (IGE). O director da Escola Secundária Garcia de Orta, no Porto, foi afastado do cargo e suspenso da actividade lectiva por, segundo testemunharam dois docentes, ter agredido um aluno do 8.º ano de escolaridade, de 13 anos, dentro do seu gabinete. As medidas foram aplicadas após duas queixas e um processo disciplinar instaurado pela Direcção Regional de Educação do Norte (DREN).

A história foi contada pelo jornal Público. Segundo o diário, o director da secundária portuense negou as agressões, mas dois professores da escola garantiram ter assistido aos factos constantes na "acusação". Tudo indica que o aluno terá sido chamado ao gabinete da Direcção, depois de o responsável máximo do estabelecimento de ensino ter escutado da sua boca "esta escola é uma merda", na altura em que passava pelo exterior de uma sala de aula onde decorriam actividades lectivas. Segundo um docente, que na altura se encontrava no gabinete, o director encostou o estudante à parede, apertando-lhe os testículos.

Os gritos alertaram uma professora que saiu da sala ao lado e se dirigiu ao gabinete, acabando por presenciar a situação. Desde esse dia, 19 de Abril de 2010, o aluno nunca mais voltou àquela escola. Neste momento, a Direcção da escola é assumida pela actual subdirectora. As sanções aplicadas têm efeitos imediatos, o director pode, no entanto, recorrer da decisão da IGE. Pode ainda pronunciar-se sobre o sucedido e recorrer da decisão de suspensão da actividade lectiva. Mas se as penas se mantiverem, o professor fica impedido de se recandidatar ao lugar de director de qualquer escola do país. Contactada pelo EDUCARE.PT, a Direcção da Garcia de Orta não quis prestar declarações sobre o assunto. Ao Público, o director afastado também não falou sobre o caso. "Não estou disponível para falar de questões que são do foro privado. Lamento, mas não me vou pronunciar sobre o assunto", disse.

Mais do que esmiuçar os detalhes da história, o importante é reflectir sobre as novas realidades que entraram nos recintos escolares. Quais os graus de exigência, como lidar com situações de indisciplina e falta de respeito. Catarina Agante, psicóloga do serviço de Psicologia e Orientação do Agrupamento de Miragaia, debruça-se sobre essas exigências que a escola actual comporta para todos os agentes educativos. Todos os que se envolvem na promoção do sucesso do percurso escolar dos alunos. Na sua opinião, a nova escola, de que tanto se fala, está direccionada para os alunos "numa aproximação de interesse, de conteúdos programáticos e de estratégias que se estruturam numa orientação pedagógica de autonomia e diferenciação".

"Claramente que este não é o registo de alguns docentes que se estruturaram numa escola de distância pedagógica entre alunos e docentes, de espaços diferenciados e de inexistência de processos de crítica ou questionamento. Deste gap surge, muitas vezes, a comunicação disfuncional e o conflito", aponta. Por isso, há que ter em atenção uma série de factores. Para Catarina Agante, é muito importante olhar para a escola como um espaço dialéctico de transmissão de conhecimento. Num processo em que os agentes educativos são, sublinha, "os actores que fazem o interface comunicacional com os alunos, agora elementos que fazem uma busca activa, questionam e confrontam, mas são fruto do esforço de não conformidade social que tão bem lhes temos ensinado a ter".

Questionar e reivindicar surgem então como formas de linguagem e atitudes expectáveis dos estudantes nessa escola em que o medir forças, entre o poder instituído e o percurso pessoal, também faz parte do quotidiano. "Não concebo esta interacção como específica do contexto escolar, mas antes uma condicionante social que impôs um novo discurso de manifestação social", refere.

A escola reproduz as interacções sociais, as dificuldades de comunicação intergeracional, o questionar da autoridade, as desigualdades. "O discurso de quem se encontra ao lado de quem quer crescer será o da tolerância e responsabilidade em ser coerente nos limites de respeito pela liberdade de quem sou e dos outros", sustenta a psicóloga. "Esta nova escola despojada de alunos e repleta de seres em construção, críticos e atentos, parece-me ser o que queríamos em termos de formação pessoa e social, os seres atípicos formam sociedades sem diferenciação e tolerância", acrescenta.

Novas realidades que exigem respostas permanentes e ajustadas. "O esforço convergente será de pensar o conhecimento como uma forma de comunicação e os alunos como actores em igualdade de circunstâncias neste plateau educativo. Passamos com eles grande parte do seu processo de crescimento e, por isso, esta aproximação é essencial para que se encontrem caminhos de conhecimento", defende.

Paulo Guinote, professor e autor do blogue "A educação do meu umbigo", não conhece todos os detalhes do caso, nomeadamente as circunstâncias atenuantes ou agravantes do comportamento do director da escola Garcia de Orta. "Pelo que é público, este é um caso de desproporção e despropósito do castigo imediato aplicado ao prevaricador", comenta. Na sua opinião, a indisciplina e a falta de civismo nas escolas devem ser combatidas de "forma sistémica". "Desde logo não adoptando a atitude desculpabilizadora que há duas décadas tem sido o apanágio da tutela neste particular, ao desgastar progressivamente a imagem pública dos professores e da própria escola", afirma.

Para Guinote, a "indisciplina é combatida com regras claras e práticas coerentes, continuadas e não com excessos momentâneos". O docente compreende perfeitamente a perda de calma perante "comportamentos indesculpáveis", que devem ser combatidos firmemente, mas, em seu entender, "nunca - e caso se prove ser verdade - apertando os testículos de um aluno". "A imposição da disciplina, podendo ser 'musculada' num sentido figurado, não o deve ser desta forma, a ponto de fazer o disciplinador perder a razão", conclui.

Por Sara R. Oliveira (in http://www.educare.pt/)

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Professores pedem celeridade na tipificação do "bullying" como crime público

Enquanto a Fenprof lamenta a falta de notícias por parte do Governo, que prometeu tipificar o "bullying" como crime público há sete meses, a ANP critica o facto de tudo demorar muito tempo na Educação.
O secretário-geral da Federação Nacional de Professores (Fenprof) criticou, esta segunda-feira, a lentidão do Governo na tipificação do "bullying" como crime público, como foi prometido pelo Executivo há sete meses.


Mário Nogueira lamentou que nada tenha sido feito e também a «falta de notícias», já que não se sabe se se trata apenas de «morosidade» na tomada de decisão ou «se é mesmo uma não tomada de decisão».

O sindicalista frisou que seria útil tornar o "bullying" um crime público, porque muitos professores têm medo de apresentar queixa e, nesse caso, qualquer pessoa poderia fazê-lo.

Por seu lado, o presidente da Associação Nacional de Professores (ANP) considerou que fazer da violência escolar um crime público seria uma forma de prevenção e pediu rapidez ao Ministério da Educação.

«Tudo o que acontece em Educação leva muito tempo e se calhar por isso muitas vezes os resultados» não são o esperado, disse João Grancho, esperando que haja alguma celeridade neste caso.

in TSF - (Ouça aqui a reportagem) http://www.tsf.pt/paginainicial/AudioeVideo.aspx?content_id=1694541

sábado, 11 de setembro de 2010

Novo ano lectivo: tensão ou tranquilidade?

Escolas de todo o país começam hoje, ou até à próxima segunda-feira, a funcionar com mudanças para digerir e aplicar. Sindicatos esperam que não se repitam os "ziguezagues" das políticas educativas. Professores reclamam menos burocracia e mais atenção à actividade essencial de quem ensina.

O ano lectivo anterior terminou com uma reforma em curso. Nessa altura, o Ministério da Educação (ME) anunciava o fecho das escolas que não tinham mais de 21 alunos e a criação de mega-agrupamentos. Mais recentemente, o Presidente da República, Cavaco Silva, promulgou o novo Estatuto do Aluno que será integrado nos regulamentos internos dos estabelecimentos de ensino, processo que deverá estar concluído até ao final do primeiro período. O novo ano escolar começa hoje, ou até à próxima segunda-feira, e alunos e professores iniciam uma nova etapa ou regressam ao trabalho com alterações para cumprir. O Governo acaba de anunciar que em 2010/2011 serão inaugurados 333 centros escolares e 11 escolas do 2.º e 3.º ciclos.

A 23 de Julho, a tutela informava, no seu site, que o processo de reordenamento da rede escolar para o ano lectivo de 2010/2011 estava concluído. As orientações eram claras: encerrar escolas do 1.º ciclo do Ensino Básico com menos de 21 alunos e constituir unidades de gestão. Os objectivos das mudanças foram devidamente explicados: adaptar a rede escolar à escolaridade obrigatória de 12 anos, assegurar a diversidade da oferta educativa, promover o sucesso e combater o abandono escolar. A integração das unidades orgânicas, de forma a permitir o acompanhamento dos alunos, desde o pré-escolar ao 12.º ano, foi também um dos argumentos utilizados.

O novo ano arranca com algumas mudanças. Cerca de 700 escolas do 1.º ciclo não reabrem, haverá novidades na formação contínua dos professores e espera-se a aplicação de mais medidas que constam no Plano Tecnológico da Educação. As provas de recuperação acabam com o novo Estatuto do Aluno. Caso o estudante ultrapasse o limite de faltas injustificadas, avança-se para um plano individual de trabalho, mas fora do horário escolar. Em casos de indisciplina, os responsáveis escolares podem aplicar a suspensão preventiva por um dia e a família pode ser responsabilizada por danos causados à escola ou comunidade educativa. Há menos dias para tratar dos processos disciplinares e os casos passíveis de crime têm de ser comunicados às comissões de protecção de menores e ao Ministério Público.

O Governo promete distribuir 250 mil computadores MG2, um portátil que substituirá o Magalhães, pelos alunos do 1.º ciclo e professores ao longo do ano lectivo que agora começa, no âmbito do programa e.escolinhas. O tema da violência escolar será assunto a abordar na formação de professores. Em Outubro, a violência e gestão de conflitos nas escolas farão parte de cinco sessões de um curso de ensino à distância, promovido pela tutela em parceria com a Universidade de Coimbra. A partir de Novembro, os assistentes operacionais de acção educativa frequentarão um curso de formação sobre bullying, em acções que terão lugar em Lisboa e no Porto. Prevê-se ainda que os alunos com mais de 12 anos tenham um cartão escolar, de forma a aumentar a segurança.

A avaliação de professores continuará em cima da mesa e, até ao momento, desconhecem-se as propostas que serão incluídas no próximo Orçamento de Estado na área da Educação. Estima-se que hoje cerca de 500 alunos estejam à porta da escola por causa do braço-de-ferro entre algumas autarquias e o ME quanto ao fecho de estabelecimentos de ensino com menos de 21 crianças. A Associação Nacional de Municípios Portugueses já veio a público referir que o ME não respeitou as posições de algumas câmaras e pediu uma reunião, com carácter de urgência, à ministra da Educação, Isabel Alçada.


"Investir no presente"

Os sindicatos do sector estão expectantes sobre o que se irá passar em 2010/2011. Tensão ou tranquilidade? Logo se verá. O secretário-geral da Federação Nacional dos Sindicatos da Educação (FNE), João Dias da Silva, espera que a avaliação de desempenho da classe docente "não se transforme na questão mais importante de cada dia de trabalho dos professores". "É um ano importante para que nos recentremos no essencial da actividade dos professores na sua relação com os alunos", afirma ao EDUCARE.PT. Na sua opinião, é fundamental pôr um ponto final nos "ziguezagues das políticas educativas". "Que se acabe com uma sucessão de práticas pedagógicas, muitas vezes contraditórias e mal explicadas", concretiza.

Para o dirigente da FNE, também é importante acompanhar atentamente a criação dos mega-agrupamentos, sobretudo os que têm uma "dimensão exagerada" para, sublinha, "corrigir as características que mereçam correcção". A clarificação do conteúdo funcional dos trabalhadores não docentes é igualmente um assunto que lhe merece atenção. Tal como a precariedade dos professores que, sem vínculo laboral estável, se sentem inseguros na sua vida profissional. Por isso, Dias da Silva insiste para que o concurso extraordinário de contratação de professores se concretize no próximo ano. O responsável da FNE espera, no entanto, que o novo ano lectivo seja tranquilo para todos. "Espero que seja uma oportunidade para que os alunos, os professores, os trabalhadores não docentes, as famílias sintam que vale a pena sentir segurança no sistema educativo", refere.

Por seu turno, João Grancho, presidente da Associação Nacional de Professores (ANP), espera que o bom senso impere durante este ano lectivo que conta com uma agenda escolar recheada, com pontos algo controversos como a reorganização da rede escolar, a avaliação dos docentes, os resultados dos concursos dos professores. Caso contrário, Grancho admite que poderá haver "alguma tensão".

Em seu entender, a proximidade é um factor importante. "Se houver por parte da tutela, como de todos os intervenientes, alguma cautela, algum cuidado, alguma atenção e sobretudo uma maior proximidade às pessoas, os problemas tendem a ser resolvidos." "É preciso corrigir algumas das atitudes que foram tomadas no último ano escolar, medidas que apanharam muita gente de surpresa", acrescenta ao EDUCARE.PT.

Albino Almeida, presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais (CONFAP), diz que no primeiro dia do ano lectivo tem as melhores expectativas. De qualquer forma, a CONFAP promete estar atenta à redução das prestações sociais que mexerá nos abonos de família e consequentemente nos apoios da acção social escolar. "As famílias, sem receberem um cêntimo a mais, poderão receber metade ou não receber nada." Albino Almeida refere, por outro lado, que o trabalho das comissões administrativas e provisórias nas agremiações dos agrupamentos também merecerá uma atenção redobrada.

O presidente da CONFAP lembra que no próximo dia 15 serão conhecidas as metas do ensino pré-escolar até ao 3.º ciclo, e, nesse sentido, espera que "os bons projectos educativos que estão a ser desenvolvidos" em várias escolas do país se mantenham. A abertura dos novos centros escolares, que significa uma nova realidade, também não passa despercebida a Albino Almeida, que defende que o importante, na educação, "é investir bem no presente".


"Panóplia de burocracia"

Manuel Luís, professor de História do Ensino Secundário, espera que este ano lectivo satisfaça as expectativas de toda a comunidade escolar. "Que os alunos encontrem nas escolas espaços de aprendizagem, de realização e, se possível, de felicidade". O docente espera tranquilidade e concentração no que "é essencial da actividade do professor" no processo de ensino. E que não se cansem e desgastem os docentes com "uma panóplia de exigências burocráticas".

Ricardo Mariano, professor de Geometria Descritiva e de Educação Visual, está apreensivo. Por várias razões. "Vamos começar um novo ano lectivo com um modelo de avaliação que volta a pôr a tónica num plano de burocratização no acompanhamento do desempenho dos professores, o que terá sempre implicações e consequências no trabalho a desenvolver com os alunos", comenta. A constituição dos mega-agrupamentos também lhe merece algumas reservas por, na sua perspectiva, "perturbar o normal funcionamento das escolas". A falta de docentes no início do ano lectivo também é criticada. "O modelo de colocação dos professores tem uma série de falhas que fazem com que as escolas comecem o ano lectivo sem os recursos que precisam."


Calendário escolar 2010-2011

As actividades lectivas do pré-escolar começam hoje ou até à próxima segunda-feira. A 5 de Julho de 2011, os jardins-de-infância voltam a fechar depois de mais um ano lectivo. As primeiras férias, as de Natal, estão marcadas de 20 a 31 de Dezembro, a segunda paragem de 7 a 9 de Março e a terceira, na Páscoa, de 11 a 21 de Abril.

Nos ensino Básico e Secundário, as aulas também começam hoje ou na segunda-feira, dia 13. As férias de Natal começam a 17 de Dezembro e os alunos regressam à escola a 3 de Janeiro. O segundo período termina a 8 de Abril e o terceiro arranca a 26 de Abril.

Para o 9.º, 11.º e 12.º anos de escolaridade, o ano lectivo termina a 9 de Junho de 2011. Os restantes níveis terminam a 22 de Junho.

Por Sara R. Oliveira, in http://www.educare.pt/

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Ginásio de Vila Real alerta 300 crianças para o 'bullying'

O Ginásio Clube de Vila Real (GCVR) vai alertar cerca de 300 crianças do concelho para a problemática do bullying e tentar evitar casos de violência psicológica e física semelhantes aos que ocorreram este ano em algumas escolas. "Tratar do bullying a brincar nas férias para que não aconteça em tempo de aulas" é o tema da iniciativa que o GCVR iniciou ontem e que decorre até à próxima semana.

Cerca de 300 crianças, entre os 6 e os 16 anos, vão assistir a uma curta-metragem, feita pelos atletas há cerca de um ano e que aborda a problemática da violência na escolas. "A ideia é passar a mensagem do que seria eles sofrerem, porem-se no papel dos que sofrem bullying. Desta forma, se se aperceberem nas suas escolas de que algo está mal, pelo menos já sabem como agir", explicou o coordenador técnico do GCVR, Paulo Vilela. Depois de ver o filme, Alex, de 12 anos, aprendeu que quando vir alguém a bater ou a ameaçar num colega, deve "chamar a atenção da escola e dos pais" ou então "ajudar esse colega".

O presidente do GCVR, Adriano Sousa, explicou que a iniciativa se insere nas férias desportivas e tem como objectivo abordar, de uma maneira "divertida" mas "objectiva", um problema que é "sentido na pele por muitas crianças" e que é "traumatizante".

Todos os anos, segundo o responsável, o GCVR tenta introduzir no período de férias um tema que não seja desportivo.

In Diário de Notícias  - http://dn.sapo.pt/


sábado, 26 de junho de 2010

Operação “Recreio Seguro II” - PSP deteve 270 pessoas e apreendeu 11 armas junto das escolas

A operação “Recreio Seguro II - A violência não entra na escola” da PSP junto das escolas do país, que decorreu durante 47 dias, terminou com a detenção de 270 pessoas e a apreensão de 11 armas, foi hoje anunciado.

Durante a operação, que decorreu nas imediações dos espaços escolares entre 3 de Maio e 18 de Junho, a PSP efectuou 270 detenções, entre elas 31 por tráfico de droga, 23 por furto e roubo e três por posse de arma ilegal.

Segundo a polícia, foram apreendidas 11 armas e 1570 doses de estupefacientes, além de terem sido detectadas 3776 infracções ao Código da Estrada, sendo a maioria por uso do telemóvel durante a condução (281), estacionamento irregular ou abusivo (1265), não utilização do cinto de segurança (230) e dos dispositivos de retenção (cintos de segurança).

A PSP referenciou também 77 cidadãos pelo consumo de droga, que foram encaminhados para as respectivas Comissões para Dissuasão de Droga e de Toxicodependência.

A operação que se realizou pelo segundo ano junto das escolas teve por objectivo “o incremento do sentimento de segurança” nos espaços escolares, “prevenção dos índices de violência grupal e da criminalidade em geral, bem como a sinalização de comportamentos de risco por parte dos jovens”, normalmente associados ao consumo de álcool e de droga, tendo em vista a sua reabilitação, explica a PSP, em comunicado.

Nos 47 dias da operação, a polícia reforçou os efectivos dos programas de proximidade, como Escola Segura, com meios policiais complementares e realizou 1040 acções de sensibilização de trânsito, violência e comportamentos de risco ministradas aos alunos e encarregados de educação.

domingo, 20 de junho de 2010

76 professores agredidos no último ano lectivo 2008/09

Registadas 284 agressões a docentes e 184 a funcionários. Aumento pode dever-se a mais queixas.

As agressões a professores e funcionários das escolas subiram quase 40% no ano lectivo passado. Os dados do Programa Escola Segura mostram, no entanto, uma diminuição das agressões a alunos e do número de ocorrências.

Para João Sebastião, do Observatório de Segurança Escolar, a subida em 37,86% das agressões a professores e em 38,35% da violência contra funcionários pode não significar um crescimento real, mas sim um aumento das participações. E relembra que há um ano ocorreram alterações ao Código Penal que tornaram as agressões a docentes dentro das escolas um crime público. "Há também mais pressão para as escolas denunciarem estes casos", salienta .

Em 2008/09 os incidentes no interior e exterior das escolas diminuíram 15%. Os actos contra a liberdade e integridade física das pessoas correspondem a 44,7% dos casos, mais 4,7 pontos percentuais que em 2007/08. Quanto a roubos registou-se uma quebra para quase metade - de 557 para 293 casos. Os danos contra bens e equipamentos escolares também desceram em 20,75% - 665 actos em 2007/08 e 527 no ano passado.

Perante esta radiografia o secretário de Estado adjunto e da Educação anunciou que o ministério apostará, ainda este ano, na formação de docentes na área da prevenção, gestão e resolução de conflitos nas escolas. "Um dos projectos que antevemos iniciar no próximo ano lectivo é o da formação na área da prevenção, gestão e resolução de conflitos [bullying] destinada quer a docentes e directores de escolas quer a assistentes operacionais", referiu Alexandre Ventura.

Para a Confederação de Pais, o problema "prende-se com o facto de o relatório nada dizer sobre os casos em tribunal". Para Albino Almeida, "há uma sensação de impunidade e os alunos dizem- -nos que as denúncias são apenas mais casos para juntar aos que já lá estão e que não dão em nada".

Por Helder Robalo, in Diário de Notícias

sábado, 5 de junho de 2010

Cada vez mais crianças retiradas às famílias

Mais de 2500 menores institucionalizados em 2009. Pais pedem mais ajuda

No ano passado, 2510 crianças e jovens foram retirados às famílias e acolhidos em instituições, por decisão das comissões de protecção. O número quadruplicou face a 2008, mas também triplicaram as medidas de intervenção junto das famílias.

O aumento de 626 casos de institucionalização em 2008, para 2510 em 2009 significa que, por dia, foram em média retiradas seis crianças e jovens às famílias. Mas o presidente da Comissão Nacional de Crianças e Jovens, Armando Leandro, desvaloriza este crescimento e justifica-o com o facto de ter aumentado muito a actividade das 291 comissões de protecção de crianças e jovens (CPCJ) existentes em Portugal.

"Temos um número muito maior de medidas aplicadas em 2009", explicou, ontem, na apresentação aos jornalistas do relatório de avaliação da actividade das CPCJ em 2009, que vai ser divulgado segunda-feira no encontro anual que terá lugar em Ponta Delgada. Com efeito, os dados do relatório mostram que, apesar do ligeiro decréscimo no número de processos instaurados (os novos processos baixaram de 29279 em 2008 para 28401 no ano passado) as medidas aplicadas pelas CPCJ praticamente triplicaram: passaram de 9846 em 2008 para 29 009 em 2009.

Armando Leandro insistiu que a principal intervenção das CPCJ continua a ser nas medidas em meio natural de vida - sendo a principal (76,6%) o apoio junto dos pais, incluindo apoio económico regular (8298 casos) - pelo que este aumento da institucionalização "não significa uma mudança" na forma de intervenção. Leandro insistiu que se trata de uma "percentagem pequena no cômputo geral das medidas" e Edmundo Martinho, presidente do Instituto da Segurança Social, garantiu que "mais de 25% das crianças e jovens que entraram em acolhimento institucional regressaram à família".

"A nossa aposta continua a ser o trabalho com as famílias, não só ao nível da prevenção como também da reparação", insistiu a secretária de Estado adjunta e da Reabilitação, Idália Moniz, admitindo que há também uma maior confiança dos pais nas comissões e que está "afastada a ideia de que só servem para tirar as crianças".

Mais processos reabertos

Na verdade, o relatório mostra que cada vez mais pais procuram a ajuda das comissões e sinalizam os casos dos seus próprios filhos: foram responsáveis por 2343 situações sinalizadas em 2009 (8,8% do total) e o número não tem parado de subir nos últimos quatro anos. "Os pais sentem-se muitas vezes impotentes para orientar os filhos" e "uma vez ou outra" são eles próprios a dirigir-se às comissões de protecção a pedir ajuda, admitiu Armando Leandro.

O número de processos reabertos devido à reincidência da situação de perigo também aumentou (mais 93, num total de 4079), o que os responsáveis atribuem a um acompanhamento mais próximo das famílias.


Por Gina Pereira, in Jornal de Notícias (05.06.2010)

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Uma história real de indisciplina (Parte 1: A descrição)

Imaginem uma turma de 5.º ou 6.º ano, com 25 alunos turbulentos e conversadores. Entre eles, dois com hiperactividade e dois com défices cognitivos (excluídos de apoios específicos à luz do Decreto-Lei n.º 3/2008, de 7 de Janeiro) e ainda vários alunos com problemas emocionais mais ou menos graves, devidos a contextos familiares problemáticos. Há também um aluno, vindo de outra escola, com um sério historial de agressividade.

Nesta turma (valha-nos isso!) todos os alunos são amigos e integram bem os que têm os problemas mencionados. Há, contudo, o reverso da medalha: as aulas são óptimas oportunidades de convívio e de conversa, que os "chatos" dos professores insistem em interromper com a matéria e as actividades a ela ligadas. Dois alunos disputam entre si o papel de "palhaço" principal e fazem comentários em voz alta para provocarem o riso da turma, levantam-se sem autorização, muitas vezes terminam fora da sala de aula. À sua volta, gravita um pequeno grupo que estimula o show e incentiva as palhaçadas, participando nelas, por vezes. Os restantes não incentivam, mas riem-se. E é difícil agir sobre uma turma que, colectivamente, além de conversar para o lado (comportamento que não acha grave, mas não lhe permite trabalhar com atenção e proveito), ainda se diverte.

Qual o professor que não teve já uma/muitas turma/s destas ou pior? Como resolver tal situação? Não é fácil e não há receitas. No entanto, há condições a obedecer:

- definir regras claras e consequências a aplicar quando elas são desrespeitadas;
- identificar bem os problemas, os tipos de comportamento e os alunos que os executam, os que os estimulam e os que se controlam;
- envolver todos os parceiros interessados: alunos, professores, família (e outros, eventualmente, como a Comissão de Protecção de Crianças e Jovens em Risco, médicos ou psicólogos acompanhantes dos alunos, Serviço de Psicologia e Orientação da escola).

Turmas como esta têm sido recorrentes ao longo da minha vida profissional. Não caberia neste espaço o relato das estratégias utilizadas com elas e de outras tantas possíveis de utilizar.

Passarei a correr pela tal definição de regras por alunos e professores e das consequências do desrespeito pelas mesmas; pelo contacto frequente com os encarregados de educação e seu envolvimento no acompanhamento dos seus educandos; pelos contratos de comportamento estabelecidos entre aluno, professores e EE; pelos registos de comportamento aula a aula, por vezes associados a esses contratos; pelo estabelecimento de pares de entreajuda, em que um aluno responsável e bem comportado ajuda outro a resolver os seus problemas (de comportamento, de dificuldade de concentração, de execução das tarefas).

Para o próximo artigo deixarei a descrição mais pormenorizada de uma outra estratégia, que surtiu efeitos muito positivos na modificação dos comportamentos disruptivos e na entreajuda e coesão da turma para atingir esses objectivos.

Por Armanda Zenhas, in http://www.educare.pt/

sábado, 20 de março de 2010

Viana: falta de espaço na Secundária de Monserrate gera situações no limiar do bullying

A falta de espaço para o recreio, devido às obras de requalificação, está a potenciar 'muita agressividade e muita indisciplina entre os alunos' da Escola Secundária de Monserrate, Viana do Castelo, havendo mesmo casos 'no limiar do bullying'.

A afirmação foi hoje feita pelo diretor da escola, José Carvalhido da Ponte, que garantiu que este ano letivo já foram punidos mais de 60 alunos.

'Uns foram punidos com actividades de apoio à comunidade, como lavar louça ou varrer corredores, mas outros, uns três ou quatro, foram suspensos', acrescentou o diretor, dando conta que a pena mais elevada até agora aplicada foi a suspensão por cinco dias.

'Há uma situaçãozinha ou outra que anda um bocadinho no limiar do bullying [violência física ou psicológica reiterada]. Não é bullying, mas anda no limiar de o ser', disse ainda.

Segundo Carvalhido da Ponte, o problema é que, por causa das obras, o espaço de recreio da escola foi reduzido para menos de um terço, o que gera grande concentração de alunos.

'Muita gente em pouco espaço está a potenciar muita agressividade e muita indisciplina entre os alunos. Estamos muito comprimidos e quando estamos muito comprimidos a indisciplina grassa um bocadinho mais. Esse é o grande drama neste momento', afirmou.



O diretor da Secundária de Monserrate lembrou que os alunos precisam de espaço para se poderem 'expandir', para darem 'uns pontapés na parede' e assim 'deitarem cá para fora toda a raiva que lhes vai das aulas'.

'Isso também faz falta. Ou então ter um amigo, um companheiro ou companheira ao lado, a quem possamos chamar nomes', referiu.

Carvalhido da Ponte disse que também há quem escolha as salas de aula e os professores para extravasar a sua raiva.

'Às vezes, há quem chame nomes aos professores, abertamente. Dizem assim: 'mas o senhor é um chulo'. E lá tem de se mandar o aluno para casa uns dias. Isso é muito complicado, muito complicado', acrescentou.

As obras de requalificação da Escola Secundária de Monserrate, em Viana do Castelo estão orçadas em 14,7 milhões de euros e deverão estar concluídas em dezembro.

A este investimento há ainda a juntar os cerca de seis milhões de euros que custará o novo equipamento.


In Correio do Minho

Funcionária de uma escola em Coruche agredida por familiares de aluno


Uma auxiliar de acção educativa da escola de Vale de Mansos, em Coruche, foi agredida por familiares de uma criança, tendo sido transportada ao Hospital de Santarém, de onde já teve alta.
Segundo a presidente do agrupamento de escolas de Coruche, Fátima Bento, a agressão aconteceu ontem, quinta-feira, dentro das instalações da escola e envolveu quatro familiares do aluno, três adultos e um adolescente, que residem numa comunidade dentro da vila.
A funcionária, que acompanha as crianças nos transportes escolares, terá sido o alvo escolhido por ter repreendido a criança quando esta causou distúrbios dentro do autocarro.  
"Este não é um caso isolado", disse Fátima Bento, adiantando haver crianças que têm vindo "a provocar problemas e a demonstrar comportamentos de indisciplina dentro e fora da escola, sobretudo nos transportes escolares".  
A professora diz que, após tomar conta destes comportamentos de indisciplina, resolveu pedir o apoio da autarquia e da GNR de Coruche para começar a chamar a atenção das famílias.  
O capitão Botas, da GNR de Coruche, disse à Agência Lusa que foi tomado auto de notícia da agressão de quinta-feira, mas que, nestes casos, apenas os adultos poderão ser chamados a responder pelos seus actos.  
"A maioria destas crianças têm entre seis a oito anos de idade e não podem ser imputadas. Nem mesmo ao abrigo da Lei Tutelar Educativa, que só se aplica a jovens entre os 12 e os 16 anos. Há um vazio legal", frisa o militar, acrescentando que estes casos de indisciplina na escola têm sido apenas reencaminhados para a Comissão de Protecção de Crianças e Jovens local.  

In Jornal de Notícias

domingo, 31 de janeiro de 2010

Escola Segura chamada devido a mau comportamento de criança

Um episódio de mau comportamento de um jovem de 13 anos em relação a uma professora na escola EB 2,3 do Vale da Amoreira, Moita, levou a direcção a chamar elementos da PSP ao local, apesar de não existirem registos de agressão

«É um jovem problemático, que está a ser acompanhado e que já está sinalizado. Apresenta dificuldades de integração e até problemas de ordem psíquica e o que se passou foi mais uma questão de mau comportamento na aula, tendo depois batido com a sua mão na mão da professora», disse à Lusa fonte da PSP.

A Lusa contactou a direcção do Agrupamento de Escolas do Vale da Amoreira, com a directora, Luísa Antunes, a explicar que se tratou de «um comportamento desviante» de um aluno reincidente neste tipo de situações.

«A Escola Segura trabalhou connosco e solicitamos a sua presença na tarde de quinta-feira devido a comportamentos desviantes. Não se tratou de agressão, mas sim de mau comportamento», salientou.

«O aluno está sinalizado há muitos anos, está nos currículos alternativos e tem apoio psicológico», acrescentou.

O Vale da Amoreira é um bairro conhecido na Margem Sul pelas piores razões, sendo a sua principal característica a multiculturalidade.

A directora explica que trabalhar no local «não é fácil» e refere que os professores têm um tipo de preparação «diferente».

«É muito difícil, com vários problemas e indisciplina. São alunos que se enervam com facilidade. Quando começamos o ano nunca sabemos como vai correr», afirmou.

«Existem episódios de indisciplina, falta de regras, mas agressões, felizmente, não há registo», acrescentou.

In Lusa / SOL

domingo, 24 de janeiro de 2010

"Garcia da Orta" cai aos pedaços

Tombaram tectos e portas na escola renovada


Queda de tectos, fugas de gás e infiltrações de água estão a assustar os alunos da Escola Secundária Garcia de Orta, no Porto. Os incidentes sucedem-se, em pavilhões inaugurados no ano passado, e a Parque Escolar anunciou uma auditoria externa.


A descrição de tudo o que tem acontecido nos pavilhões estreados este ano lectivo ocupa meia folha A4 e, para a Associação de Pais de Pais e Encarregados de Educação da Garcia (APGO), que ontem promoveu uma conferência de Imprensa à porta da escola, o que está a acontecer "não tem explicação e são falhas gravíssimas num equipamento novo".

Entre o vasto rol de anomalias elencadas por pais e alunos, destacam-se o colapso de um tecto em finais de Outubro passado, ocorrida fora do horário escolar, uma fuga de gás por perfuração de uma tubagem, a queda de quadros das salas de aula ou infiltrações de água junto à rede eléctrica.

"Já caiu uma divisória numa casa de banho, com consequências físicas para uma funcionária, e os alunos não podem utilizar o pavilhão gimnodesportivo, pois tem aparecido água e humidade tornando-o escorregadio e perigoso", referiu Madalena Antunes, presidente da APGO.

Note-se que a Garcia de Orta foi considerada, em 2008, no ranking das escolas, a melhor secundária do Porto, em matéria de ensino público.

"Já falamos com a Direcção e o Conselho Geral da escola, a DREN, o Ministério da Educação e a Parque Escolar [entidade responsável pela remodelação nas escolas]. Só recebemos um email, anteontem, do presidente da empresa, que se comprometeu a efectuar uma auditoria à obra já realizada", lamentou Madalena Antunes. Joana Miranda, presidente da Associação de Estudantes, anunciou que "na próxima terça-feira à noite haverá uma reunião com todas as partes e só depois serão tomadas medidas".

Contigências

Em comunicado, a Parque Escolar esclareceu que "registaram-se situações (resultantes de contingências associadas à empreitada) que foram prontamente identificadas e solucionadas". "A intervenção na escola é acompanhada por uma equipa de fiscalização permanente, para garante da boa execução dos trabalhos e de acordo com todas as normas técnicas e de segurança. A comissão de segurança reúne semanalmente, e integra o coordenador de segurança da obra e representantes do empreiteiro, da escola, da associação de pais e da Parque Escolar", refere o comunicado. A empresa vai propor uma auditoria que "deverá ser realizada por entidade externa, a sugerir pela Direcção e pelo Conselho Geral da Escola".

Por Reis Pinto, in http://jn.sapo.pt/

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Vale a pena espreitar este blogue...

Rita Fragoso

"O meu comportamento"

"O meu comportamento este ano, não tem sido o melhor. Já tive duas faltas de indisciplina, uma porque estava a esclarecer uma dúvida a uma colega, outra porque dois colegas estavam a sussurrar e eu, sem querer, disse-lhes um pouco alto para se calarem. Assim nós os três levámos uma falta de indisciplina e com a situação anterior foi a mesma coisa. Tirando estas duas situações, tem acontecido falar sem aguardar a minha vez e não tenho posto o dedo no ar, acabando por ser chamada à atenção pelos professores. Nos trabalhos de casa não tenho nada e faltas de material também não.

Em relação à turma, acho que todos nós temos de melhorar o comportamento e de pensar que todos temos oportunidade para falar e exprimir as nossas ideias. Só temos de aguardar a nossa vez. Se todos fizermos isto, será muito mais fácil para os professores não se irritaren, conseguirem explicar e avançar na matéria mais rapidamente.

Para nós (os alunos), também começaremos a ter mais responsabilidade e comportamento mais adequado. As aulas tornar-se-ão mais interessantes, o que tornaria melhor a relação entre professores e alunos.

Da minha parte acho que vou ter de me esforçar mais, para conseguir um bom comportamento."
 
in http://5dazeitao.blogspot.com/

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Ainda há 90 escolas em obras no início do segundo período

Alunos dizem que barulho é o principal problema. Só 15 escolas terminaram obras

O primeiro dia de aulas depois das férias de Natal na Escola Secundária com 2º e 3º Ciclo Gil Vicente, em Lisboa, foi de chuva e lama. Muita lama. Este é um cenário provocado pelas obras e que por estes dias é comum à maioria das 90 escolas que estão em remodelação. Na Gil Vicente as queixas dos alunos sobrepõem-se às vantagens de ter uma escola renovada.

"O barulho das obras perturbam as aulas", é uma das queixas mais apontadas pelos estudantes que frequentam a escola Gil Vicente. Ao todo são mais de cem mil os alunos que durante este ano lectivo convivem com obras. Isto só em relação ao programa da empresa Parque Escolar EPE, que abrange as secundárias em remodelação.

Ao todo, no início do ano lectivo estavam a ser alvo de remodelação 101 escolas. Destas, 15 já concluíram as obras, e outras 15 encontram-se na fase final do projecto, de acordo com os números avançados ao DN pelo Ministério da Educação.

Para os sindicatos de professores e associações de pais as requalificações são vistas como "um mal necessário". Embora, Dias da Silva, dirigente da Federação Nacional dos Sindicatos da Educação (FNE), reconheça que "é sempre complexo por uma escola a funcionar com a obras a decorrer".

Já Joaquim Ribeiro da Confederação Nacional Independente de Pais e Encarregados de Educação (CNIPE) lembra que "os pais têm de perceber que as obras têm de ser feitas durante o ano lectivo".

Ainda assim alguns encarregados de educação já apresentaram reclamações à Confederação das Associações de Pais (Confap) relacionadas com a segurança das crianças e com a própria execução das obras que não foram concluídas de forma adequada, adianta Albino Almeida. "Mas são queixas residuais e desde o início do ano lectivo não recebemos mais de meia dúzia", refere o presidente da Confap, que encaminha todas as reclamações para as direcções regionais de educação.

Um dos casos em que há queixas de má execução das obras é na escola Gil Vicente. Desta secundária, com alunos do 5º ao 12º ano, o estudante João Pedro Curto fala de "descaracterização" do espaço. "As arcadas que eram a marca da escola desapareceram. Tudo o que era a Gil Vicente desapareceu", acrescenta o jovem de 18 anos.

Enquanto uma aluna do 11º ano lamenta algumas falhas. "A escola está a ficar bonita, mas podia ficar melhor. Foi tudo feito à pressa e está mal acabado. O tecto da casa de banho dos rapazes já caiu e há paredes já descascadas", enumera. A biblioteca também já esteve inundada, conforme revela um estudante, que garante: "A escola estava melhor há dois anos". Ou seja, antes da requalificação começar.
In Diário de Notícias
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