sábado, 26 de junho de 2010

Operação “Recreio Seguro II” - PSP deteve 270 pessoas e apreendeu 11 armas junto das escolas

A operação “Recreio Seguro II - A violência não entra na escola” da PSP junto das escolas do país, que decorreu durante 47 dias, terminou com a detenção de 270 pessoas e a apreensão de 11 armas, foi hoje anunciado.

Durante a operação, que decorreu nas imediações dos espaços escolares entre 3 de Maio e 18 de Junho, a PSP efectuou 270 detenções, entre elas 31 por tráfico de droga, 23 por furto e roubo e três por posse de arma ilegal.

Segundo a polícia, foram apreendidas 11 armas e 1570 doses de estupefacientes, além de terem sido detectadas 3776 infracções ao Código da Estrada, sendo a maioria por uso do telemóvel durante a condução (281), estacionamento irregular ou abusivo (1265), não utilização do cinto de segurança (230) e dos dispositivos de retenção (cintos de segurança).

A PSP referenciou também 77 cidadãos pelo consumo de droga, que foram encaminhados para as respectivas Comissões para Dissuasão de Droga e de Toxicodependência.

A operação que se realizou pelo segundo ano junto das escolas teve por objectivo “o incremento do sentimento de segurança” nos espaços escolares, “prevenção dos índices de violência grupal e da criminalidade em geral, bem como a sinalização de comportamentos de risco por parte dos jovens”, normalmente associados ao consumo de álcool e de droga, tendo em vista a sua reabilitação, explica a PSP, em comunicado.

Nos 47 dias da operação, a polícia reforçou os efectivos dos programas de proximidade, como Escola Segura, com meios policiais complementares e realizou 1040 acções de sensibilização de trânsito, violência e comportamentos de risco ministradas aos alunos e encarregados de educação.

domingo, 20 de junho de 2010

76 professores agredidos no último ano lectivo 2008/09

Registadas 284 agressões a docentes e 184 a funcionários. Aumento pode dever-se a mais queixas.

As agressões a professores e funcionários das escolas subiram quase 40% no ano lectivo passado. Os dados do Programa Escola Segura mostram, no entanto, uma diminuição das agressões a alunos e do número de ocorrências.

Para João Sebastião, do Observatório de Segurança Escolar, a subida em 37,86% das agressões a professores e em 38,35% da violência contra funcionários pode não significar um crescimento real, mas sim um aumento das participações. E relembra que há um ano ocorreram alterações ao Código Penal que tornaram as agressões a docentes dentro das escolas um crime público. "Há também mais pressão para as escolas denunciarem estes casos", salienta .

Em 2008/09 os incidentes no interior e exterior das escolas diminuíram 15%. Os actos contra a liberdade e integridade física das pessoas correspondem a 44,7% dos casos, mais 4,7 pontos percentuais que em 2007/08. Quanto a roubos registou-se uma quebra para quase metade - de 557 para 293 casos. Os danos contra bens e equipamentos escolares também desceram em 20,75% - 665 actos em 2007/08 e 527 no ano passado.

Perante esta radiografia o secretário de Estado adjunto e da Educação anunciou que o ministério apostará, ainda este ano, na formação de docentes na área da prevenção, gestão e resolução de conflitos nas escolas. "Um dos projectos que antevemos iniciar no próximo ano lectivo é o da formação na área da prevenção, gestão e resolução de conflitos [bullying] destinada quer a docentes e directores de escolas quer a assistentes operacionais", referiu Alexandre Ventura.

Para a Confederação de Pais, o problema "prende-se com o facto de o relatório nada dizer sobre os casos em tribunal". Para Albino Almeida, "há uma sensação de impunidade e os alunos dizem- -nos que as denúncias são apenas mais casos para juntar aos que já lá estão e que não dão em nada".

Por Helder Robalo, in Diário de Notícias

sábado, 5 de junho de 2010

Cada vez mais crianças retiradas às famílias

Mais de 2500 menores institucionalizados em 2009. Pais pedem mais ajuda

No ano passado, 2510 crianças e jovens foram retirados às famílias e acolhidos em instituições, por decisão das comissões de protecção. O número quadruplicou face a 2008, mas também triplicaram as medidas de intervenção junto das famílias.

O aumento de 626 casos de institucionalização em 2008, para 2510 em 2009 significa que, por dia, foram em média retiradas seis crianças e jovens às famílias. Mas o presidente da Comissão Nacional de Crianças e Jovens, Armando Leandro, desvaloriza este crescimento e justifica-o com o facto de ter aumentado muito a actividade das 291 comissões de protecção de crianças e jovens (CPCJ) existentes em Portugal.

"Temos um número muito maior de medidas aplicadas em 2009", explicou, ontem, na apresentação aos jornalistas do relatório de avaliação da actividade das CPCJ em 2009, que vai ser divulgado segunda-feira no encontro anual que terá lugar em Ponta Delgada. Com efeito, os dados do relatório mostram que, apesar do ligeiro decréscimo no número de processos instaurados (os novos processos baixaram de 29279 em 2008 para 28401 no ano passado) as medidas aplicadas pelas CPCJ praticamente triplicaram: passaram de 9846 em 2008 para 29 009 em 2009.

Armando Leandro insistiu que a principal intervenção das CPCJ continua a ser nas medidas em meio natural de vida - sendo a principal (76,6%) o apoio junto dos pais, incluindo apoio económico regular (8298 casos) - pelo que este aumento da institucionalização "não significa uma mudança" na forma de intervenção. Leandro insistiu que se trata de uma "percentagem pequena no cômputo geral das medidas" e Edmundo Martinho, presidente do Instituto da Segurança Social, garantiu que "mais de 25% das crianças e jovens que entraram em acolhimento institucional regressaram à família".

"A nossa aposta continua a ser o trabalho com as famílias, não só ao nível da prevenção como também da reparação", insistiu a secretária de Estado adjunta e da Reabilitação, Idália Moniz, admitindo que há também uma maior confiança dos pais nas comissões e que está "afastada a ideia de que só servem para tirar as crianças".

Mais processos reabertos

Na verdade, o relatório mostra que cada vez mais pais procuram a ajuda das comissões e sinalizam os casos dos seus próprios filhos: foram responsáveis por 2343 situações sinalizadas em 2009 (8,8% do total) e o número não tem parado de subir nos últimos quatro anos. "Os pais sentem-se muitas vezes impotentes para orientar os filhos" e "uma vez ou outra" são eles próprios a dirigir-se às comissões de protecção a pedir ajuda, admitiu Armando Leandro.

O número de processos reabertos devido à reincidência da situação de perigo também aumentou (mais 93, num total de 4079), o que os responsáveis atribuem a um acompanhamento mais próximo das famílias.


Por Gina Pereira, in Jornal de Notícias (05.06.2010)

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Uma história real de indisciplina (Parte 1: A descrição)

Imaginem uma turma de 5.º ou 6.º ano, com 25 alunos turbulentos e conversadores. Entre eles, dois com hiperactividade e dois com défices cognitivos (excluídos de apoios específicos à luz do Decreto-Lei n.º 3/2008, de 7 de Janeiro) e ainda vários alunos com problemas emocionais mais ou menos graves, devidos a contextos familiares problemáticos. Há também um aluno, vindo de outra escola, com um sério historial de agressividade.

Nesta turma (valha-nos isso!) todos os alunos são amigos e integram bem os que têm os problemas mencionados. Há, contudo, o reverso da medalha: as aulas são óptimas oportunidades de convívio e de conversa, que os "chatos" dos professores insistem em interromper com a matéria e as actividades a ela ligadas. Dois alunos disputam entre si o papel de "palhaço" principal e fazem comentários em voz alta para provocarem o riso da turma, levantam-se sem autorização, muitas vezes terminam fora da sala de aula. À sua volta, gravita um pequeno grupo que estimula o show e incentiva as palhaçadas, participando nelas, por vezes. Os restantes não incentivam, mas riem-se. E é difícil agir sobre uma turma que, colectivamente, além de conversar para o lado (comportamento que não acha grave, mas não lhe permite trabalhar com atenção e proveito), ainda se diverte.

Qual o professor que não teve já uma/muitas turma/s destas ou pior? Como resolver tal situação? Não é fácil e não há receitas. No entanto, há condições a obedecer:

- definir regras claras e consequências a aplicar quando elas são desrespeitadas;
- identificar bem os problemas, os tipos de comportamento e os alunos que os executam, os que os estimulam e os que se controlam;
- envolver todos os parceiros interessados: alunos, professores, família (e outros, eventualmente, como a Comissão de Protecção de Crianças e Jovens em Risco, médicos ou psicólogos acompanhantes dos alunos, Serviço de Psicologia e Orientação da escola).

Turmas como esta têm sido recorrentes ao longo da minha vida profissional. Não caberia neste espaço o relato das estratégias utilizadas com elas e de outras tantas possíveis de utilizar.

Passarei a correr pela tal definição de regras por alunos e professores e das consequências do desrespeito pelas mesmas; pelo contacto frequente com os encarregados de educação e seu envolvimento no acompanhamento dos seus educandos; pelos contratos de comportamento estabelecidos entre aluno, professores e EE; pelos registos de comportamento aula a aula, por vezes associados a esses contratos; pelo estabelecimento de pares de entreajuda, em que um aluno responsável e bem comportado ajuda outro a resolver os seus problemas (de comportamento, de dificuldade de concentração, de execução das tarefas).

Para o próximo artigo deixarei a descrição mais pormenorizada de uma outra estratégia, que surtiu efeitos muito positivos na modificação dos comportamentos disruptivos e na entreajuda e coesão da turma para atingir esses objectivos.

Por Armanda Zenhas, in http://www.educare.pt/