domingo, 13 de dezembro de 2009

As escolas precisam é de boa gestão

O alargamento do sistema - hoje universal, apesar dos 14,7% de abandono no fim do 9º ano - transformaram Portugal num país moderno. Infelizmente, o sistema ficou eternamente marcado pelo PREC. E a herança sente-se ainda, na forma pouco eficaz como as escolas são geridas. Ou melhor, não são geridas. As escolas portuguesas são organizações onde todos mandam e ninguém tem responsabilidade ou se sente responsabilizado. Nas escolas funciona a utopia da democracia total. Até os recém criados directores de escola - fruto da nova lei da gestão das escolas - são eleitos pela Assembleia de Escola (que também é escolhida em eleições, e inclui professores, pais, alunos, funcionários e representantes da autarquia).

Isto explica porque nenhuma escola fica especialmente humilhada por aparecer num mau lugar no ranking que é feito com base nas notas dos alunos nos exames nacionais. É verdade que o ranking compara coisas diferentes, colégios com alunos escolhidos a dedo e liceus obrigadas a aceitar os mais indigentes alunos externos. Na prática, os rankings servem mais de guia para pais que procuram a melhor escola privada para os seus filhos do que para hierarquizar escolas.

Mas o sacudir de ombros das escolas e dos seus ideólogos em relação aos rankings é assustador. Assim como não passa pela cabeça da maioria dos professores ser avaliado pelos resultados dos alunos - embora, no limite, seja esse o único critério objectivo para o fazer - também não passa pelos projectos das escolas lutarem para melhorar os seus lugares nos rankings. A culpa não poder ser atirada apenas para cima das escolas - muitas têm projectos de combate ao insucesso escolar que muitos alunos desaproveitam, e os profesfesores queimam pestanas fazendo fichas de recuperação.

O problema é que as escolas não são geridas como empresas. Se houvesse uma luta diária pelos resultados e a responsabilização de quem não os conseguiu atingir, provavelmente orgulhar-se-iam de ficar num bom lugar. Mas se calhar, esta é apenas outra utopia.
Por Catarina Carvalho, in http://economico.sapo.pt