sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

O custo da indisciplina

Tema constante na área do ensino, o custo da indisciplina voltou ao foco das atenções ao se transformar numa questão central dos debates no 10º Congresso da Escola Particular Gaúcha, realizado nesta semana em Porto Alegre. O encontro, promovido pelo Sindicato do Ensino Privado no Estado (Sinepe/RS) serviu para demonstrar que o problema, resultante de um processo de evolução pedagógica entre a palmatória do século 19 e o modelo de respeito à forma de agir de meninas e meninos, respaldado posteriormente pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), precisa ser enfrentado de imediato. As alternativas devem envolver necessariamente tanto os educadores quanto os familiares.

Um estudo divulgado recentemente pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) mostra que, entre 23 países analisados, o Brasil aparece no topo da indisciplina. O aspecto preocupante é que, além de comprometer o futuro das gerações que passam pela escola, a falta de limites implica um custo elevado, que acaba sendo arcado por toda a sociedade.

O levantamento conclui que, a cada ano, os professores brasileiros perdem em média 35 dias inteiros de aula tentando controlar alunos desordeiros. Reforça, assim, as conclusões de estudo realizado pelo Sindicato dos Professores das Escolas Particulares (Sinpro), segundo o qual a maioria dos educadores já teve a autoridade questionada por alunos, enquanto uma parcela expressiva alega ter sido vítima de agressão física.

Certamente, um problema dessas dimensões não pode ser avaliado apenas pelo que provoca hoje, mas pela sua repercussão futura. Jovens bem formados não dependem apenas de uma boa educação na escola, mas também dos pais, que muitas vezes não estão presentes ou foram forçados a abrir mão dessas atribuições, por razões diversas. Qualquer tentativa de reverter o quadro atual precisará somar esforços nesses dois sentidos, se quiser de fato ser bem-sucedida.