terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Gripe A obriga a cancelar festas

Algumas escolas optaram por não realizar os habituais festejos antes das férias, por razões de segurança, substituindo-os por pequenos convívios. A Confap não concorda que sejam os estabelecimentos de ensino a tomar estas decisões

A gripe A está a levar as escolas a repensar as festas de Natal. Há casos em que a opção acabou por ser o cancelamento de eventos de dimensões maiores, como acontece com estabelecimentos de ensino que alugam espaços para realizar teatros, substituindo-os por pequenos convívios. Outras escolas mantêm, para já, o planeamento, mas admitem o cancelamento caso a pandemia tome proporções maiores. E ainda há quem faça algumas adaptações devido à falta de estudantes.

Em Lisboa, pelo menos duas escolas optaram por cancelar as suas habituais representações de Natal, mas o DN sabe que outras ainda ponderam qual a melhor escolha, apesar de preferirem tentar manter a normalidade. "Por razões de segurança optámos por este ano não realizar a festa de Natal. Mas não vamos deixar de marcar a ocasião. Decidimos ter apenas um pequeno convívio, com o Pai Natal a dar prendas às crianças", explicou ao DN a directora do Lar da Criança, Rita Ávila de Melo.

A responsável referiu que desde Outubro a escola teve dez casos de gripe A entre os alunos e que acredita que terá havido alguma desilusão pelo cancelamento. "Mas estes alunos são fantásticos e entenderam as razões. Também acabaram por ficar felizes por realizar-se uma festa interna", salientou. Quanto aos pais, "gostariam que houvesse os habituais festejos, contudo, entenderam e respeitaram a decisão", garante Rita Ávila de Melo.
A Escola Avé Maria também alterou os seus planos. Nos últimos anos, a festa de Natal realizou-se na Junta de Freguesia de Alcântara, mas este ano o colégio avisou os encarregados de educação por carta, a que o DN teve acesso, que "se tornou impossível pôr em prática as dramatizações devido à falta de alunos (com gripe A ou sem ela)", situação que, prevêem os dirigentes da escola, "se irá manter".

Contactada pelo DN, a escola começou por desmentir que o cancelamento se deva à gripe A, acabando por posteriormente admitir que era uma das razões, mas não a única. "A principal causa não foi a gripe A. Realizamos peças bastante trabalhosas e temos falta de alunos", referiu uma responsável do estabelecimento, que não quis adiantar quais as restantes razões e recusou identificar-se, dizendo apenas que estava em substituição da directora.

A Escola Ave-Maria já teve mais de 30 casos de gripe A, mas a mesma dirigente garantiu que presentemente não há grandes problemas. "Este ano vamos fazer a festa na escola. Já não é a primeira vez que optamos desta forma", concluiu.

Confap contra decisão

"É uma medida negativa. É uma interpretação fundamentalista dos planos de contingência", salientou ao DN o presidente da CONFAP.

Albino Almeida discorda por completo da decisão das escolas que cancelaram as festas de Natal. O líder da confederação de pais garante que "não há orientação no sentido de não se realizarem estas iniciativas", acrescentando que "as direcções regionais não deram qualquer instrução para o cancelamento".

"Se há escolas que possam ter dúvidas, por terem casos de gripe A, têm de alertar as autoridades de saúde e são estas que decidem caso a caso o que se deve fazer. Ao serem as escolas a tomar as decisões é uma ultrapassagem nas suas competências. O pior ciclo da gripe já passou, mas as escolas resolveram assumir que a pandemia vai durar até ao final do ano lectivo", criticou Albino Almeida.

Sem comentários: