quarta-feira, 29 de abril de 2009

Veja aqui relatos de pessoas que sofreram bullying na escola

José (nome fictício)

Estudava numa escola pequena de Copacabana. Eu nem me lembrava que perturbava um cara da minha turma, éramos alunos do primário. Um dia, já na faculdade fomos jogar uma pelada. E lá estava o cara que eu perturbava. Realmente não me lembrava. Do nada vem um cara e pula na primeira disputa de bola e quebra minha perna. E ainda me deu um chute na cabeça. Fui direto para o Miguel Couto e o jogo virou uma pancadaria que meu time acabou perdendo. A gente fazia engenharia, éramos jovens normais e o outro time era do que hoje se chama de pitboys. Eram lutadores de jiu jitsu, surfistas e encrenqueiros.
Só soube que era ele quando com a perna quebrada urrando de dor ele veio e "bateu o tiro de meta" no meu rosto. Perdi 5 dentes, arranhão de córnea, tive trauma craniano e uma fratura na perna. Só me lembrei do meu agressor ao ver umas fotos antigas do Colégio Mello e Souza, mas realmente não lembrava que implicava com ele. Não lembrava mesmo. E, se implicava, o que de tão grave pode fazer uma criança de 7 anos com outra que justificasse uma agressão assim? Eu não era uma criança má. Já o cara que hoje anda por aí com o rosto em outdoor é um psicopata.
Pedro Francisco

Recordo-me de um caso de 'bullying' que ocorreu comigo na infância. Estudava numa escola pública na cidade do interior pernambucano chamada Tabira. Tinha em torno de 11 anos e sempre apanhava de alguns colegas de turma que se mostravam valentões, bravos. E eu tinha muito medo deles, acredito que deixava transparecer isso sem mesmo perceber. Acontece que sempre fui muito aplicado, dedicado aos estudos e tinha como melhor amigo um garoto grandão, valentão também, porém não se metia em confusão. Ele, apesar de valentão, era meio desligado dos estudos e sempre tirava notas baixas nas provas, então aproveitei esta deficiência dele e propus um acordo: ele me livrava dos valentões nas brigas corriqueiras e eu o ajudava nas provas, assim conseguia sempre me livras das surras e os ditos 'bulls' me deixavam em paz. Até hoje me lembro desses episódios na infância, o grupo de valentões vinha em minha direção e meu amigo, de imediato, tomava a frente e botava dotos prá correr...
Marta Serrate

Nunca mais esqueci do constrangimento e sofrimento que passei na frente dos meus colegas quando duas professoras de matemática me insultaram e uma delas me sacudiu pelo braço só porque eu não sabia resolver o problema no quadro negro. Esta última fez isso na frente de toda a classe e me sacudiu muitas vezes pelo braço me fazendo chorar. Eu tinha 6 anos. Mais tarde, a segunda professora de matemática fez a mesma coisa com palavras, me humilhando ao máximo. Resultado: nunca mais quis estudar matemática e parei de estudar no primeiro grau.
Miriam Marcia de Moraes

Minha filha tem 10 anos, cabelos enormes e encaracolados, com muito volume. Os cabelos dela são lindos, remetem a uma coisa meio afro e é considerado um trunfo nas passarelas, já que ela faz alguns desfiles de moda infantil. No entanto, na escola é chamada de pulguenta, bruxa e uma série de adjetivos que a magoam profundamente. Ela sempre me pede pra deixar que faça escova progressiva, chapinha, mas seria um erro permitir que a maldade daqueles pestinhas retirem o seu diferencial. Até porque muitas críticas acontecem quando ela usa algo bonito ou diferente. A mãe de uma aluna me ligou pra saber onde eu havia comprado uma boina que a filha dela queria desesperadamente, a mesma que a menina havia chamado de "brega" e "coisa de piranha", quando viu minha filha usando. Ser alta, magra e estilosa tem sido difícil para a minha filha. Imagine o quanto de maldade não acontece com as crianças gordinhas ou com outras diferenças. Os professores costumam se fazer de mortos. Acho que devia haver mais acompanhamento, especialmente durante o recreio.